quarta-feira, 10 de julho de 2013

Um Banquinho, Um Violão, João Gilberto, Muita Porrada e Rock'n Roll

Da Série “El Tigre e Suas Epístolas de Los Angeles”, por LesPaul Corvette

Hally Rows é o codinome que o guitarrista de uma famosa banda de rock utiliza para tocar e cantar sozinho na borbulhante cena de Los Angeles. Sempre que não esta em tournée descansa nas encostas de Malibu e faz apresentações outsiders de Santa Monica a Long Beach. Porém, Hally de regra chega nos locais em que se apresenta a milhões, quando não a zilhões. Lembra muito ao Poeta, estimado biritum da praia dos Ingleses que metade do ano passava sóbrio, trabalhando pesado nas fainas do mar, embarcado em pesqueiros por meses nas águas geladas do Atlântico Sul.  Bem, os outros seis meses eram obnubilados pela cachaça, sua parceira predileta e companheira inseparável.

Voltando a Los Angeles, Hally Rows chegou nesta ultima segunda-feira num daqueles clubes pontificados nos arredores do Kodak Theater tal e qual o Poeta em tempos de férias. Pediu para El Tigre, meu perro amigo falopeiro ajudá-lo com o PA de retorno do som, o set de pedais de efeitos e o violão Gibson jumbo. El Tigre, mi perro loco e grande amigo, cadelo chapadão que faz uns bicos como motorista de celebridades há décadas em LA conhece todo mundo. Dos porteiros dos piores muquifos aos presidentes dos maiores estúdios cinematográficos. Já fez incontáveis participações e pontas. Dublou Rin Tin Tin em cenas fabulosas. Fez pontas em Magnum, quando morou no Hawaii. Transou com atrizes famosas e aspirantes a celebridade fizeram o teste do sofá no banco de sua velha camionete. Diz que é um Hitchicock aos que desdenham de suas incursões em filmes que inclusive ganharam o Oscar, aludindo às aparições passageiras do mestre do suspense em suas renomadas películas.

Pois, bem, como El Tigre conta, segunda-feira é dia pra profissionais. E lá estava ele no balcão com um Campari com suco de toranja, uma laranja amarga mexicana, curando a ressaca do final de semana. Hally Rows seguindo o tonitruante barulho de um latão de lixo virado entrou pela porta dos fundos do bar. - Hi, my friend. - Hi Row, respondeu El Tigre.

A notícia que o guitarrista estaria ali naquela noite trouxe mais gente que o usual ao Barney's, boteco de um troglodita gente boníssima que apenas espiou a chegada de Hally com o canto de seu olho bom. Nós nos conhecemos quando El Tigre e eu dirigimos até Chicago um dos caminhões da mega turnê de 1975 do Led Zeppelin. Barney fazia com seus quase dois metros o serviço pesado e, bem, Hally estava na ribalta. Estávamos agora os três novamente juntos.

Mas a coisa desandou já na segunda canção. Com a voz pastosa, Hally, parafraseando João Gilberto respondeu ao gorila da primeira mesa que ensaiara um chiste: - vaia de babaca não vale. João havia soltado em um show que vaia de bêbado não vale. Pois bem ou, pois mal, um rastilho de pequenas vaias se espalhou nas primeiras mesas e, Hally de sua incontinência psicodélica vituperou:


- porra Barney, não sabia que você tinha reservado os melhores lugares de seu bar pra todos os babacas da cidade dos anjos e dos pecados. Um átimo de silêncio precedeu um quebra-quebra de cinema, afinal, estamos em Los Angeles a poucas quadras da Calçada da Fama. O chefe da Central de Polícia era um ex-dublê com quem El Tigre trabalhou em The Six Million Dollar Man, série em que Lee Majors viveu um ciborgue ou homem biônico entre 1974 e 1978. Mas a liberação dos encrenqueiros e o papo dos bastidores de Hollywood com o capitão da chefatura ficam para um próximo capítulo.

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