quarta-feira, 9 de março de 2011

Bloco Vade Retro Abacaxi desfila de ré em Ipanema, no Rio

Samba faz crítica ao excesso de organização dos blocos cariocas.

'O povo é que faz o carnaval', ressalta fundador do bloco.

Bernardo TabakDo G1 RJ

O Vade Retro Abacaxi despertou, no fim da tarde desta terça-feira (8), a curiosidade de muita gente que passava pelo calçadão do Arpoador, em Ipanema, na Zona Sul do Rio de Janeiro. O motivo é simples, mas insólito: o bloco tem como marca registrada desfilar de ré, com todos andando para trás.

Na concentração, foliões exibiam bastões com abacaxis espetados. (Foto: Bernardo Tabak/G1)Na concentração, foliões exibiam bastões com abacaxis espetados (Foto: Bernardo Tabak/G1)

A bateria, que alternava marchinhas de carnaval com a música tema deste ano – “Me deixa hein... paz” - , saiu da concentração, junto à Pedra do Arpoador, e rumou em direção a Rua Francisco Otaviano. À medida que o bloco avançava, sempre de costas, carregava muita gente que estava no calçadão e não resistia à proposta do desfile.

O bloco foi criado em 2003 por um grupo de artistas plásticos, que fizeram um protesto contra a instalação do Museu Guggenheim na cidade do Rio de Janeiro. “A proposta do Guggenheim aqui no Rio era equivocada. Por isso criamos o bloco para fazer uma manifestação. Esse movimento acabou contribuindo para impedir a construção do museu”, conta o artista plástico Aimberê César, um dos fundadores do bloco.

O bloco Vade Retro Abacaxi em seu desfile de ré, vindo da Pedra do Arpoador (ao fundo) (Foto: Bernardo Tabak/G1)O bloco Vade Retro Abacaxi em seu desfile de ré, vindo da Pedra do Arpoador (Foto: Bernardo Tabak/G1)

De lá pra cá, o bloco, que é bienal, já fez cinco desfiles, sempre de ré. E, em 2011, o Vade Retro Abacaxi fez uma crítica ao que os organizadores do bloco consideram um excesso de organização do carnaval carioca. “Não somos contra organizar, mas sem choque de ordem”, explicou Aimberê.

“O povo é que faz o carnaval. A cultura é mais importante do que esses clichês de organização, que não são reais”, afirmou o artista plástico. “Se houvesse banheiros químicos suficientes, de qualidade, dignos e limpos, o povo não faria xixi na rua”, finalizou.

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